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A inseminação artificial em bovinos é a técnica que consiste na deposição mecânica do sêmen no aparelho reprodutor da fêmea, por meio de instrumentos. É o conjunto de ações realizadas desde a colheita do fluido seminal, sua análise e processamento em laboratório e sua manutenção em condições extracorpóreas (congelamento) até a sua introdução na fêmea.

É preciso deixar claro que o responsável técnico pela inseminação apenas deposita o sêmen na fêmea, e que a fecundação — a união do espermatozoide com o ovócito —, bem como o desenvolvimento do bezerro, ocorrem de maneira natural, sem a interferência humana.

As primeiras experiências e a ampla divulgação dessa técnica se intensificaram na década de 1930 e, desde que se passou a congelar o sêmen, ela se tornou mais rápida e controlada, o que viabiliza o uso do fluido seminal de um determinado animal em épocas futuras.

O mercado observou um bom crescimento na última década, mas, ainda assim, o percentual de vacas inseminadas artificialmente no país é de apenas 12%, o que totaliza 90 milhões de matrizes, tanto de gado de corte quanto de gado de leite. No início dos anos 2000, essa taxa era de 5%.

Um dos principais obstáculos para o avanço dessa tecnologia é a falta de informação dos produtores brasileiros, que ainda não perceberam que o método é mais barato que a monta natural. Além disso, devido ao manejo genético, ela promove um retorno econômico significativo para o pecuarista, que obtém uma produção mais homogênea em sua fazenda.

Quais as vantagens da inseminação artificial?
O manejo reprodutivo de bovinos tem como principal meta gerar animais geneticamente superiores. Isso faz com que a eficiência produtiva dos rebanhos seja, também, superior. Mas, para sermos mais específicos, listamos para você as vantagens da inseminação artificial em bovinos:

Melhoramento genético: o melhoramento do patrimônio genético se dá em menor tempo e por menor custo, por meio do uso de sêmen de reprodutores comprovadamente superiores na produção de carne e de leite;
controle de doenças: elimina a transmissão de doenças infecciosas (do macho para a fêmea e vice-versa), o que comumente acontece na monta natural. Nesse momento, o maior cuidado que o produtor deve ter é de adquirir o sêmen de uma empresa idônea;
cruzamento entre raças: a técnica permite que o pecuarista cruze diferentes raças que porventura não se adaptam ao clima e às condições ambientais de uma região, dificultando a monta natural;
prevenção de acidentes com a fêmea: quando a cobertura é feita com um touro muito pesado, a vaca pode sofrer acidentes;
prevenção de acidentes com os funcionários: a monta natural exige o manejo com animais, muitas vezes, agressivos. A inseminação artificial evita eventuais acidentes com a equipe;
uso de animais incapacitados para a monta: reprodutores consagrados que adquiriram problemas provenientes da idade avançada (como afecções nos cascos, aderência de pênis, fraturas, artroses etc.) podem ter seu sêmen utilizado na inseminação artificial;
aumento do número de descendentes de um touro: sabe-se que, em campo, um touro cobre 30 vacas por ano. Esse número vai a 100, quando o regime de monta é controlado. Se considerarmos o período reprodutivo de um touro como 4 anos, isso resulta em um total de 120 a 400 descendentes por animal. Com a inseminação artificial, o número é incrivelmente aumentado, podendo um touro ter mais de 100 mil descendentes;
maior controle zootécnico do rebanho: a inseminação artificial permite que o criador obtenha dados precisos sobre fecundação e partos, o que facilita a seleção dos melhores indivíduos do rebanho;
padronização do rebanho: se o pecuarista utilizar o sêmen de poucos reprodutores em um grande número de fêmeas, ele alcança a homogeneidade dos lotes;
uso de reprodutores após a morte: com técnicas de congelamento e estocagem de sêmen, o produtor consegue utilizar o material genético dos seus melhores touros após a sua morte;
redução da dificuldade nos partos: por meio do uso de animais com facilidade de parto (índice que quantifica a facilidade das filhas de um reprodutor no decorrer do seu próprio processo de parto), os problemas em novilhas são reduzidos.
Quais os cuidados necessários para a técnica?
Como você pôde notar, os benefícios da inseminação artificial em bovinos são imensos e, embora bastante simples, a técnica exige certos cuidados que asseguram a sua eficiência. O primeiro deles é verificação do cio das vacas, ou seja, o método somente deve ser aplicado em fêmeas que estejam receptivas à cópula.

Isso previne o desperdício de sêmen, visto que a fecundação do ovócito se dará unicamente se a vaca estiver fértil. Como não há perdas de espermatozoides no trajeto entre o cérvix e o útero, o número de espermatozoides que alcançam o útero é o mesmo contido em uma dose de sêmen.

Então, é indicado que as vacas sejam submetidas à monta e apenas as que aceitarem a cobertura devem ser selecionadas. Se o cio ocorrer pela manhã, a inseminação deve ser feita à tarde. Mas caso ele aconteça durante a tarde, o ideal é que seja inseminada na manhã seguinte.

Cabe ressaltar que apenas fêmeas em plenas condições de saúde devem ser submetidas à inseminação. Da mesma forma, vacas recém-paridas ou que apresentem qualquer anormalidade (principalmente na regularidade do cio) não devem ser inseminadas.

O produtor deve prezar por todas as práticas de higiene, desde a sanidade dos animais, o manuseio dos botijões de acondicionamento de sêmen, o descongelamento do material, a limpeza geral do ambiente, até a esterilização dos aparelhos utilizados.

Quais são os desafios para a aplicação da inseminação artificial?
Como mencionamos, o maior desafio para a ampla utilização da inseminação artificial em bovinos é a falta de informação. A atividade pecuária é bastante conservadora, e os criadores são resistentes às mudanças, o que dificulta o avanço da técnica.

Outra limitação existente é a falta de mão de obra especializada para realizar as inseminações. Essa falta de capacitação leva ao mau emprego da técnica, o que acarreta em prejuízos para o produtor. Além disso, a ausência de infraestrutura adaptada para o procedimento (como currais e piquetes) também é um empecilho para o crescimento desse mercado.

Contudo, nem a técnica em si nem a infraestrutura necessária para a inseminação artificial em bovinos são complicadas. Perto das inúmeras vantagens que o método traz à pecuária, os investimentos em capacitação e na construção de um espaço adequado se tornam ínfimos ao produtor.

Colaboração: Equipe de Especialistas em Nutrição de Ruminantes na Vaccinar.